sábado, 10 de novembro de 2012




A morte

Inevitável porém pouco aceitável por muitos mortais.

Não quero parecer frio, mais se assim for, atribuo a minha longa experiência profissional em Unidade de Terapia Intensa ( UTI), lidando com a morte diariamente.

Para muitos este ambiente já é o fim da vida, a porta para o cemitério, o que é uma grande mentira, pois diante dos avanços médicos e da fé da cada um, já vi pessoas em estado gravissímo meses depois sair andando e agradecendo pelo cuidado.

Em contra partida, uma situação me incomoda e gera uma discussão, pois existem pacientes em estado pior que gravissímo, já em estado de decomposição, fétidos, vivendo por ajuda de aparelhos e medicamentos, com familiares cheios de esperança e otimismo, acreditando piamente que seu ente querido um dia irá voltar pra casa.

Me pergunto. Será que este familiar se pois no lugar do outro por um minuto? Será ele egoísta demais? Seria Ignorante a ponto de não perceber a real condição clinica de seu familiar? Ou quer se isentar de responsabilidade diante da solicitação para desligar os aparelhos?

Partilhando minha indignação com um médico, o mesmo atribui tamanha esperança a falta de conhecimento técnico sobre as doenças, tratamentos e medicamentos. Então devolvi a questão, você como médico não explica a real condição clinica do paciente? A resposta é, para eles leigos, a esperança é a última que morre, acreditam que o quadro pode mudar, e reabilitação acontecer.

O tema humanização é muito utilizado no ambiente hospitalar, pois tem como proposta garantir ao paciente um ambiente tranquilo, acolhedor, confortável, mais pouco se refere aos cuidados paliativos, e ao acompanhamento de psicologia hospitalar aos familiares, que não aceitam a condição clinica do familiar e os submetem a procedimentos invasivos que prolongarão por dias ou semanas a morte, não acho humano uma pessoa se decompondo vivendo apenas por auxilio de aparelhos.

Alguém pode estar me perguntando. E se fosse sua mãe? Seu pai? Seu Irmão?

Diante do amor que tenho por eles, e da condição em que se encontram clinicamente falando não permitiria tamanha agressão ao seus corpos. Existem combinações medicamentosas que os aliviariam de toda dor e sofrimento, e não exitaria um minuto em dizer ao médico que prescrevesse, duvido que algum se recusaria, pois também não gostariam de estar apodrecendo em um leito. É importante salientar que todos aos profissionais de saúde estudam e trabalham para a recuperação da saúde em prol da vida, mais infelizmente algumas condições clinicas são irreversíveis e degenerativas, eu não prolongaria a dor e o sofrimento simplesmente pelo fato de não aceitar a perda, ou achar que investir tudo o necessário reverteria o quadro, talvez sirva de conforto pra quem fica, mais não acredito que seja confortável pra quem foi, acho digno a pessoa morrer íntegra fisicamente, pois não consigo ver humanização em alguém com o dobro do tamanho (inchada), perdendo líquidos por todos os lados, apodrecendo em feridas, com drenos em todo o corpo, totalmente desfigurada.

Aos leitores deste desabafo, deixo o assunto aberto ao debate. Vida longa e abraço fraterno a todos. Marco Antonio


sábado, 3 de novembro de 2012


A crise dos 30

      O ser humano desde sua formação ainda no útero, passa por transformações ininterruptas, no momento em que a consciência ainda não está totalmente formada, seu subconsciente se encarrega de gravar as informações, gestos como carinho, afeto, aceitação, rejeição, todos estes sentimentos são armazenados e apesar de não precisarmos lidar com eles agora, seus registros não se apagaram, e num segundo momento eles podem vir a tona.

      Na fase da adolescência, com as dezenas de descobertas que temos como, sexo, drogas e rock in roll, nos imaginamos distantes da morte, daí o momento em que o indivíduo vai exercitar sua liberdade plena na vida, mais ele ainda é muito imaturo pra perceber e valorizar este momento, por este motivo muitos não conseguem ultrapassar esta fase, e acabam morrendo vitimas de acidentes de transito, ou nas garras cruéis da criminalidade.

      Na fase adulta, o trabalho, estudo e a competitividade vão estar eminente, as oportunidades são maiores, e seguindo a cronologia familiar, quase que extinta nos dias atuais, para muitos é momento de casar-se, estabelecer uma família, ter filhos, progredir na carreira, enquanto pra outros o momento ainda continuara sendo de beber, cair e levantar, pegar sem se apegar, deixar a vida levar, errado? Não, talvez seja apenas uma questão de escolha.

      Ai chegamos onde eu queria, a fase dos 30, momento muito importante, o divisor de águas, é neste momento da vida em que o indivíduo irá fazer uma retrospectiva, uma análise profunda, gerando então uma crise, pois ele já não vê a morte tão distante, o corpo muitas vezes já não permite grandes extravagâncias, as oportunidades de carreira e sucesso são restritas, pra mulher sem filho e sem companheiro, isto é quase uma sentença de morte.

      Os que casaram, irão fazer uma análise em relação as conquistas, a estrutura familiar de forma geral, companheira (o), filhos, emprego, muitas vezes se sentem presos, pois já não andam mais sozinhos, não se permitem arriscar-se, afinal diante da situação necessitam como nunca estarem seguros e verão o solteiro como um felizardo, pois ainda livre, se permitem curtir a vida, sair nas baladas e pegar geral, vivem com menos responsabilidades uma vez que não possuem família, já os solteiros num primeiro momento sentirão culpa, uma sensação de fracasso, isto piora se ainda morar com os pais, estiver num emprego ganhando apenas para sub-existência, se não foi pai ou mãe mesmo que independentes.

      Em qualquer crise que passamos na vida, é importante perceber que se estivéssemos completos ela não existiria, algo levanta o questionamento e com isso gera o desconforto, a dúvida, a culpa, a frustração, é momento de refletir, reorganizar vida, refazer planos, positivar todos os pensamentos que nos empurram para baixo. Será que realmente estamos nesta situação porque escolhemos? Acredito que muitas pessoas não encontraram uma pessoa interessante a ponto de casar-se, ou não quis dar tal passo na vida, ou não encontrou o emprego dos sonhos, ou não teve a oportunidade de concluir um curso que lhe agradasse na faculdade, ou não teve condições financeiras ou familiares para ter um imóvel próprio ou teve e não quis deixar o conforto do lar, muitas podem ser as opções mais por mais confortáveis e justificadas que sejam, o questionamento vai acontecer.

      O importante é que esta crise não passará de 365 dias, pois ao completar 31 anos perceberá que a próxima só vira daqui 10, e que até lá muita coisa vai rolar. Daqui a 4 anos eu escreverei sobre a crise dos 40, abraço fraterno a todos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


 
Como  pode ser, gostar de alguém e esse tal alguém não ser seu...”Amado –Vanessa da Mata

O que não pode ser dito, pode ser escrito.


Se entender as emoções é um dilema para especialistas, a nós meros mortais, apaixonados só nos cabe sentir e torcer para a dor passar rápido, pois o sentimento não passa, estas linhas escrevo porque não terei a oportunidade de falar, o que é uma pena, pois tudo que queria era dizer pessoalmente e assim olhando nos olhos demonstrar a verdade das palavras.

Sentir-se apaixonado é sentir-se vivo e mesmo que sozinho perceber que apesar das cicatrizes do coração ainda é possível sentir este sentimento nobre por alguém, e como perceber se este sentimento é verdadeiro ou apenas um gostar misturado com carência ou qualquer outro sentimento que não seja amor.

Saber é simples, você é meu ultimo pensamento ao dormir e o primeiro ao acordar, quando não ouço sua voz, parece que falta algo no meu dia, quando ouço algumas musicas que sei que gosta, meu coração aperta, quando saboreio algo gostoso ou vou a algum lugar diferente gostaria de estar partilhando também com você, quando penso no futuro e nas coisas que quero conquistar imagino como seria com você ao meu lado.

Te quero muito bem, e o que sinto por você não é tesão, desejo, e sim amor, pode parecer assustador pra você, afinal somos grandes amigos e se depender de mim seremos sempre, tentei conhecer outras pessoas e infelizmente cheguei a uma conclusão, não perderei meu tempo que já não é muito, com pessoas que não tem nada haver comigo, e apesar de sentir um aperto no coração e um gelo na barriga ao te ver, sou feliz por gostar de alguém como você, nunca esperei ser correspondido, pois percebo claramente que sua afeição por mim é de um grande amigo, o que eu queria era apenas te dizer isto, e não entendi sua preocupação em me magoar, pois não queria uma única palavra sua, apenas gostaria que soubesse que seu amigo te ama. E sendo assim, quero que sejas muito feliz, pois você é uma gpessoa especial e merece tudo de bom, como amigo apaixonado que sou, não gostaria que alguém te fizesse sofrer, te magoasse ou te tratasse como uma qualquer.

A vida tem seu ciclo próprio e não cabe a gente interferir nisto, quando algo tem que acontecer acontece, então entrego-me ao destino pedindo sabedoria em minhas escolhas e lhe desejo também do fundo do coração, toda sorte do mundo, que suas escolhas sejam feitas com sabedoria. Te amo.  ( março/2006)




a revolta do Estrógeno

A Revolta do estrógeno


Trabalhando num ambiente em sua maioria feminina (hospital), ouvi de uma mulher a seguinte frase.
" eu queria encontrar aquela desgraçada que rasgou o sultien e bater tanto na cara dela..."

Confesso que a fiquei chocado, pois analisando a evolução da mulher e suas conquistas, ouvir tal frase da boca de uma, e a concordância das demais presentes me fez refletir.

Porque será que mulheres independentes, autônomas, concordam com este tipo comentário?

Será que elas após anos de lutas e conquista, se equiparando aos homens, sentem a saudade de serem aquela mulher de Athenas, relatada na musica de Chico Buarque?

Apesar de tanta evolução a mulher contemporânea ainda sonha com o marido perfeito, familia, casa, carreira, só que infelizmente o homem contemporâneo em sua maioria busca apenas relações passageiras e casuais. É quase unânime a expressão. Está difícil encontrar homens para casamento.

Ainda existem homens e mulheres dispostos a casamento, em contra partida uma grande parte está interessada em carreira, estabilidade financeira e o casamento está fora dos projetos. No século passado o homem buscava no casamento a continuidade da família, filhos se tornavam mão de obra necessária, esposa era a segunda mãe, e casamento era sinônimo de sexo garantido.

A sociedade se transforma e neste século as configurações familiares mudam, as mulheres se tornam arrimo de família, e em muitos casos até sustentam seus companheiros, homens e mulheres transam sem culpa e sem compromisso afetivo, os gays desistem do armário e se mostram na sociedade, deixando muitas mulheres revoltadas, com toda esta transformação, é interessante ver pessoas querendo as mesmas coisas mais não se encontram. Será que se exige muito nas escolhas atuais?

Segundo o último censo do IBGE  por amostra de domicílios existe 48,1% de solteiros, contra 39,9 % de casados, mostrando que muitas pessoas optam por viverem sozinhas, imagino que muitas por opção delas e muitas outras porque ainda esperam encontrar a outra metade. Eterno romântico e sonhador, espero poder encontrar esta metade em breve, acho importante ter com quem compartilhar e agregar a vida, a quem interessar é só enviar o curriculum, abraço fraterno a todos. Marco Antonio