A crise dos 30
O ser humano desde
sua formação ainda no útero, passa por transformações
ininterruptas, no momento em que a consciência ainda não está
totalmente formada, seu subconsciente se encarrega de gravar as
informações, gestos como carinho, afeto, aceitação, rejeição,
todos estes sentimentos são armazenados e apesar de não precisarmos
lidar com eles agora, seus registros não se apagaram, e num segundo
momento eles podem vir a tona.
Na fase da
adolescência, com as dezenas de descobertas que temos como, sexo,
drogas e rock in roll, nos imaginamos distantes da morte, daí o
momento em que o indivíduo vai exercitar sua liberdade plena na
vida, mais ele ainda é muito imaturo pra perceber e valorizar este
momento, por este motivo muitos não conseguem ultrapassar esta
fase, e acabam morrendo vitimas de acidentes de transito, ou nas
garras cruéis da criminalidade.
Na fase adulta, o
trabalho, estudo e a competitividade vão estar eminente, as
oportunidades são maiores, e seguindo a cronologia familiar, quase
que extinta nos dias atuais, para muitos é momento de casar-se,
estabelecer uma família, ter filhos, progredir na carreira, enquanto
pra outros o momento ainda continuara sendo de beber, cair e
levantar, pegar sem se apegar, deixar a vida levar, errado? Não,
talvez seja apenas uma questão de escolha.
Ai chegamos onde eu
queria, a fase dos 30, momento muito importante, o divisor de águas,
é neste momento da vida em que o indivíduo irá fazer uma
retrospectiva, uma análise profunda, gerando então uma crise, pois
ele já não vê a morte tão distante, o corpo muitas vezes já não
permite grandes extravagâncias, as oportunidades de carreira e
sucesso são restritas, pra mulher sem filho e sem companheiro, isto
é quase uma sentença de morte.
Os que casaram,
irão fazer uma análise em relação as conquistas, a estrutura
familiar de forma geral, companheira (o), filhos, emprego, muitas
vezes se sentem presos, pois já não andam mais sozinhos, não se
permitem arriscar-se, afinal diante da situação necessitam como
nunca estarem seguros e verão o solteiro como um felizardo, pois
ainda livre, se permitem curtir a vida, sair nas baladas e pegar
geral, vivem com menos responsabilidades uma vez que não possuem
família, já os solteiros num primeiro momento sentirão culpa, uma
sensação de fracasso, isto piora se ainda morar com os pais,
estiver num emprego ganhando apenas para sub-existência, se não foi
pai ou mãe mesmo que independentes.
Em qualquer crise
que passamos na vida, é importante perceber que se estivéssemos
completos ela não existiria, algo levanta o questionamento e com
isso gera o desconforto, a dúvida, a culpa, a frustração, é
momento de refletir, reorganizar vida, refazer planos, positivar
todos os pensamentos que nos empurram para baixo. Será que realmente
estamos nesta situação porque escolhemos? Acredito que muitas
pessoas não encontraram uma pessoa interessante a ponto de casar-se,
ou não quis dar tal passo na vida, ou não encontrou o emprego dos
sonhos, ou não teve a oportunidade de concluir um curso que lhe
agradasse na faculdade, ou não teve condições financeiras ou
familiares para ter um imóvel próprio ou teve e não quis deixar o
conforto do lar, muitas podem ser as opções mais por mais
confortáveis e justificadas que sejam, o questionamento vai
acontecer.
O importante é que
esta crise não passará de 365 dias, pois ao completar 31 anos
perceberá que a próxima só vira daqui 10, e que até lá muita
coisa vai rolar. Daqui a 4 anos eu escreverei sobre a crise dos 40,
abraço fraterno a todos.